
Federação teve atuação importante na mobilização de criadores que garantiu que Maranhão se beneficiasse do título, anunciado em Paris pela OMSA 5t6v3
O Brasil foi oficialmente reconhecido, nesta quinta-feira (29), como país livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
O anúncio foi realizado durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da entidade, em Paris, consolidando um dos mais relevantes avanços sanitários da história da pecuária brasileira.
A cerimônia contou com a presença do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, e de uma comitiva de representantes do Sistema CNA/Senar.
Na avaliação do presidente da CNA, a obtenção do status sanitário é fruto de um trabalho articulado e de longo prazo, que envolveu a participação efetiva de produtores rurais, federações, sindicatos, entidades de classe, setor industrial, Serviço Veterinário Oficial, governos estaduais, parlamentares e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“O reconhecimento internacional de país livre de febre aftosa sem vacinação é a consolidação de um processo construído ao longo de décadas, que demonstra o compromisso do setor agropecuário brasileiro com a sanidade animal e a excelência dos produtos ofertados ao mercado global”, afirmou João Martins.
Avanços e impactos econômicos – O novo status sanitário projeta efeitos econômicos significativos. Além de eliminar os custos relacionados à vacinação dos rebanhos, o Brasil amplia seu o a mercados internacionais mais exigentes, que restringem a importação a países livres da doença sem vacinação, como Japão e Coreia do Sul.
Estes mercados oferecem maior valorização e retorno econômico para a cadeia produtiva da pecuária.
O reconhecimento também fortalece a imagem da carne bovina brasileira no cenário internacional, atestando sua qualidade sanitária e contribuindo para a geração de empregos, incremento da renda no campo e maior competitividade do agronegócio nacional.
Situação no Maranhão – No Maranhão, o processo de evolução sanitária teve início em 2002, quando o estado deixou a condição de risco não conhecido para febre aftosa e ou a ser classificado como de alto risco.
Ao longo dos anos, foram executadas diversas etapas que culminaram, em 2014, no reconhecimento como Zona Livre com Vacinação pela OMSA.

O ápice foi alcançado em maio de 2024, quando, por meio da Portaria nº 678, de 30 de abril de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária oficializou o estado como parte da zona livre de febre aftosa sem vacinação.
Tal conquista é resultado do esforço conjunto de diversos órgãos, como a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Aged), a Federação da Agricultura e Pecuária do Maranhão (Faema), a Associação de Criadores do Maranhão (Ascem), o Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Maranhão (Fundepec) e a Superintendência do Mapa no estado, entre outros parceiros.
De acordo com o presidente da Faema, Raimundo Coelho, trata-se de uma conquista histórica para o setor agropecuário maranhense.
— “É o reconhecimento de décadas de trabalho e comprometimento das instituições públicas e privadas, bem como dos produtores rurais, que contribuíram diretamente para alcançar esse patamar sanitário”, destacou.
O Maranhão possui um rebanho superior a 10 milhões de cabeças de bovinos, concentrado majoritariamente na região sudoeste, especialmente nos municípios de Amarante do Maranhão, Santa Luzia, Grajaú, Bom Jardim e Açailândia, que também se destacam na produção de leite e na pecuária de corte.

Consolidação sanitária e credibilidade internacional – O reconhecimento da OMSA não apenas reforça a robustez do serviço de defesa sanitária animal no Brasil, como também posiciona o país em condição privilegiada no comércio internacional de proteína animal.
A condição de livre de febre aftosa sem vacinação atende aos mais rigorosos critérios sanitários globais, representando um diferencial competitivo estratégico para o agronegócio brasileiro.
Produtores rurais maranhenses comemoram a evolução: “Vitória para toda a classe produtora do Maranhão, esse é um início de nova era, na pecuária maranhense, ter esse reconhecimento internacional de zona livre de vacinação da febre aftosa, representa um marco nesta cadeia produtiva da carne e do leite.
Parabéns a todos os produtores rurais, que do pequeno ao grande contribuíram para essa conquista”, celebrou o produtor rural e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Santa Rita, Ezequiel Xenofonte.
“Para nós, pecuaristas, o impacto é imenso, deixamos de carregar o custo e a logística complexa da vacinação em massa, e, principalmente, abrimos as portas para mercados que antes estavam fora do nosso alcance, mercados que pagam mais, que valorizam a qualidade sanitária, e que representam um novo patamar de competitividade para a carne brasileira.
É, sem dúvida, um momento histórico para o agronegócio brasileiro e, especialmente, para o nosso Maranhão. Agora, cabe a nós, produtores, continuarmos atentos, cumprindo as exigências sanitárias e mantendo o compromisso com a qualidade e a sustentabilidade, para que essa conquista seja um marco duradouro na nossa pecuária”, destacou o engenheiro agrônomo e produtor rural, Epitácio Rocha.